A enxaqueca afeta cerca de 8% das crianças e adolescentes. Cerca de 50 % deles continuarão a ter enxaqueca na idade adulta, levando à incapacidade funcional e carga social e financeira substanciais para o paciente e sociedade.

O diagnóstico e as intervenções precoces podem diminuir o impacto da enxaqueca. O tratamento farmacológico preventivo deve ser recomendado quando a frequência de dores de cabeça for superior a 4 crises por mês ou quando a qualidade de vida, frequência escolar ou atividades diárias forem comprometidas. Estudos mostram que o tratamento preventivo da enxaqueca pode diminuir a carga global da enxaqueca. Embora vários medicamentos preventivos tenham sido usados para enxaqueca em adultos, poucos foram sugeridos em uma população pediátrica.

Um artigo recente, publicado pelo grupo do Dr. Mahmoud Reza Ashrafi, do Departamento de Neurologia Pediátrica do Centro Médico Infantil, Universidade de Teerã, Irã, na revista Cephalalgia, estudou a segurança e a eficácia da cinarizina e do valproato de sódio na profilaxia da enxaqueca em 149 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos (49 na cinnarizina, 51 no valproato de sódio e 49 no grupo placebo).

A cinarizina é um medicamento que pertence à categoria dos medicamentos anti-histamínicos. É utilizado para tratar problemas associados ao ouvido interno e ao cérebro, tonturas e enjôos associados ao enjôo. A cinarizina é usada para aliviar os sintomas de enjoo de movimento e distúrbios do equilíbrio (vestibular), como zumbido (zumbido nos ouvidos), vertigem, náusea e vômito, bem como a doença de Ménières (um distúrbio do ouvido interno).

O valproato de sódio é um medicamento usado principalmente para tratar epilepsia e transtorno bipolar e para prevenir dores de cabeça de enxaqueca. É um medicamento anticonvulsivante aprovado para uso em epilepsia e transtorno bipolar. Também tem sido usado para dor neuropática e profilaxia da enxaqueca.

Nesse estudo com crianças e adolescentes, esses medicamentos foram considerados eficazes na redução (mais de 50%) do número (frequência) de crises e intensidade da enxaqueca, em comparação com o grupo placebo.

O percentual de pacientes que reduziram em ≥ 50 % as crises nos grupos cinarizina, valproato de sódio e placebo foi 38%, 35% e 22%, respectivamente.

Nove indivíduos relataram efeitos adversos (três em cinnarizina, cinco em valproato de sódio e um no grupo placebo) e um caso no grupo valproato de sódio interrompeu a terapia devido a sedação grave.

Consulte um neurologista se seu filho(a) apresenta queixas de dor de cabeça com frequência!

Referência:

https://doi.org/10.1177/0333102419888485