Por Arão B. Oliveira.

Dados do estudo “Global Burden of Diseases” [1], da Organização Mundial da Saúde – OMS, mostram que a enxaqueca esta entre as 5 doenças mais incapacitantes de todas e é responsável por redução de 43% na percepção de saúde geral das pessoas.

Ainda assim, enxaqueca é uma doença diagnosticada apenas por sintomas clínicos, isto é, não pode ser “detectada” por um exame laboratorial (de sangue, urina, etc.) ou de imagem (raio x, ressonância). Portanto, é uma doença “invisível” para os outros.

Infelizmente, a falta de informação sobre o transtorno e impacto da enxaqueca na vida das pessoas ainda faz com que elas sejam rotuladas de “frescas”, “histérica”, “hipocondríacas”, “corpo-mole” e por aí vai. Quem já não viu pessoas até duvidarem da dor?

Isso torna o sofrimento e incapacidade gerados durante os ataques pouco compreendidos e muitas vezes o paciente se torna até desacreditado e discriminado.

Estigma se refere exatamente a isso, quando uma característica, diagnóstico ou trato de uma pessoa gera preconceito, discriminação e perda de status. A situação piora porque nós, que sabemos como é difícil fazer afazeres domésticos, estudar ou trabalhar com enxaqueca, ainda acabamos tentando esconder o problema.

O neurologista Willian Young e a socióloga Joanna Kempner conduziram um estudo [2] nos EUA onde mediram a escala de estigma para doenças crônicas comparando pacientes com enxaqueca e pacientes com epilepsia, outra doença bastante estigmatizante. A escala mede 2 aspectos como a vergonha e constrangimento percebido pelo paciente ou situações de discriminação real sofridas (ver Gráfico abaixo).
Os autores verificaram que ambos pacientes apresentaram valores semelhantes tanto nos escores de vergonha percebida como discriminação real. No entanto, pessoas com enxaqueca crônica mostraram valores superiores a pessoas com enxaqueca episódica e epilepsia.

Modificado de Young et. al. (2013)

Esse estudo mostra que a enxaqueca ainda é ignorada enquanto doença neurológica e ainda é vista com desconfiança e preconceito. Vamos compartilhar esse artigo e ajudar a concientizar pessoas no trabalho, na escola e na família a entender que enxaqueca é uma doença neurológica incapacitante. Não é frescura!